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sábado, 28 de novembro de 2009

Viagens na Nossa Terra


TERRA FRIA (Padornelos)
(Imagem da Net)



De: Ferreira de Castro
Terra Fria, onde não medrava árvore de fruto nem se colhia vinho, tirante o centeio, a batata, os nabais e duas couvezitas no quinchoso, o resto era uma pobreza. Padornelos, de sorte igual à de outras aldeolas barrosãs, parecia no inverno, uma grande pocilga. Tudo se apresentava negrusco, sujo enlameado. Nem telha a sorrir, nem pincelada de cal, nem planta ou janela florida. Terra para raiz só mais abaixo, nas margens do rio. Ali, os casinhotos sem quintal, prantavam-se uns junto dos outros, esburacados, velhos de séculos, só conhecendo renovação na palha que os cobria. Eram formados por lascas de xisto e granito, escurecidas pelos anos e arrancadas, outrora, à montanha.

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quinta-feira, 26 de novembro de 2009

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Viagens na Nossa Terra


PORTO da minha infância

De: Teixeira de Pascoais
Lisboa em gesso Branco, o Porto em pedra escura, Sobre os abruptos alcantis do Douro; Esse rio que vem, de longe, solitário, Cobris-se de asas brancas de navios E de negros canudos de vapores. Encostados aos cais, depõem a férrea carga. Outros, vão demandando a barra e o farolim, Que dá uma luz, tão triste! em noites invernosas. Distante, no poente, esfuma-se uma nódoa, Em verdes tons fluidos que palpitam Numa névoa indecisa, vaga imagem Da tristeza do mar pintada em nossos olhos. Porto da minha infância! A primeira impressão que me causaste Tenho-a, cheia de espanto, na memória, Cheia de bruma e e de granito! É uma impressão de inverno, Sombra cinzenta, enorme, donde irrompe Alto cipreste empedernido, No meio de sepulcros habitados. (...) +++****+++

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Viagens na Nossa Terra

NOITE ALENTEJANA

De: Ema Adão Tavares

Devagarinho, o luar envolve a Terra
Como braços de amante o corpo amado.
E em êxtase profundo e perturbado,
Languidamente, a Noite, os olhos cerra.

Pelo horizonte, nu, sem uma serra,
Ondeia um véu de sombra opalizado.
E há um fremir d'amor imaculado
Na sedução que a Natureza encerra.

A luz tomba do céu, esplendorosa.
No silêncio da noite langorosa.
Sentem-se aromas leves, a pairar...

Sobem do chão eflúvios perturbantes...
E as hastes das espigas, ondulantes,
Enlaçam-se, trementes, a noivar...

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