Nazaré - O SÍTIO

De:
Raúl Brandão
O SÍTIO
Antes de me ir embora vou lá acima ao Sítio.
É uma aldeia branca e deserta, com o templo, a capela
e o penedo onde se deu o milagre. Do alto deste grande
morro descobre-se de aeroplano um largo panorama - o mar
infinito, a ampla baía formada pelos montes, a branca
Nazaré ao pé da areia, a toalha líquida do riozinho que se
espraia e detém ao chegar à costa, e do lado da terra os
eternos pinheirais donde emerge o cone mais agudo de
S. Bento, com a ermida e a guarida do vigia. Percorro as ruas
e a praça. O silêncio de uma povoação abandonada.
Só encontro o padre, duas mulheres e uma criança.
Os homens foram todos (mais de trezentos) para a
longíncua pesca do bacalhau, que dura de Maio até
Dezembro. Durante essa longa ausência, a mulher não
muda de roupa nem de vestido e nunca mais se deita na
cama onde dormia com o homem, que lhe leva a enxerga
para bordo; fica no chão com os filhos sobre esteiras. (...)
Raúl Brandão
O SÍTIO
Antes de me ir embora vou lá acima ao Sítio.
É uma aldeia branca e deserta, com o templo, a capela
e o penedo onde se deu o milagre. Do alto deste grande
morro descobre-se de aeroplano um largo panorama - o mar
infinito, a ampla baía formada pelos montes, a branca
Nazaré ao pé da areia, a toalha líquida do riozinho que se
espraia e detém ao chegar à costa, e do lado da terra os
eternos pinheirais donde emerge o cone mais agudo de
S. Bento, com a ermida e a guarida do vigia. Percorro as ruas
e a praça. O silêncio de uma povoação abandonada.
Só encontro o padre, duas mulheres e uma criança.
Os homens foram todos (mais de trezentos) para a
longíncua pesca do bacalhau, que dura de Maio até
Dezembro. Durante essa longa ausência, a mulher não
muda de roupa nem de vestido e nunca mais se deita na
cama onde dormia com o homem, que lhe leva a enxerga
para bordo; fica no chão com os filhos sobre esteiras. (...)
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