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quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Poetas da Nossa Terra

Amália Rodrigues - Ao Poeta Perguntei


Ao poeta perguntei
Como é que os versos assim aparecem?
Disse-me só: Eu cá não sei
São coisas que me acontecem

Sei que nos versos que fiz
Vivem motivos dos mais diversos
E também sei que sempre feliz
Não saberia fazer os versos

Ó meu amigo, não pense que a poesia
É só a caligrafia num perfeito alinhamento
As rimas são assim como um coração
E que a cada pulsação
Recorda sofrimento
E nos meus versos pode não haver medida
Mas o que há sempre são coisas da própria vida

Fiz versos como faz dia
A luz do sol sempre ao nascer
Eu fiz os versos porque os fazia
Sem me lembrar de os fazer

Com a expressão e os jeitos
Que pra cantar se vão dando a voz
Todos os versos andam já feitos
De brincadeira dentro de nós

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terça-feira, 5 de outubro de 2010

Poetas da Nossa Terra


Imagem da Net

domingo, 3 de outubro de 2010

Poetas da Nossa Terra

Pedro Só


Passaram anos e anos

sobre esta roda da vida,

farinha que foi moída,

vai-se a ver, são desenganos


Atou-me a sorte este nó,

cobriu-me com estes panos.

Ao peso dos meus enganos

sai a farinha da mó.


Na palma da mão estendida

leio um caminho de pó

lembranças do homem só

São as andanças da vida


Foram dias, foram anos,

foi uma sorte moída,

vida que tenho vivida,

(vai-se a ver são desenganos)


Foram dias, foram anos,

for a sorte apodrecida.

Dentro da roda da vida

sinto roer os fusanos


Lembranças da minha vida

perdem-se em nuvens de pó.

Bem me chamam Pedro Só,

(nome de roda partida)

F.Assis Pacheco


música de Manuel Jorge Veloso, canta Manuel Freire

Filme Pedro Só, de Alfredo Tropa, 1970