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quinta-feira, 2 de maio de 2013

Poetas da Nossa Terra




Está o lascivo e doce passarinho


Está o lascivo e doce passarinho
Com o biquinho as penas ordenando;
O verso sem medida, alegre e brando,
Despedindo no rústico raminho.

O cruel caçador, que do caminho

Se vem calado e manso desviando
Com pronta vista e seta endireitando
lhe dá no estígio lago eterno ninho

Destarte o coração, que livre andava

(Posto que já de longe destinado),
Onde menos temia foi ferido,

Porque o Frecheiro cego me esperava,

Para que me tomasse descuidado,
Em vossos claros olhos escondido.
Luiz de Camões

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Poetas da Nossa Terra





 ESTIAGEM

(Enxerto)


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O ganhão da Beira alpestre
Chegou da nativa serra,

Para o trabalho campestre.

Mas como amanhar a terra?

Não entra com ela o arado!…
Queimado o tojal nos montes!

Morto à fome e à sede o gado!

Secas ribeiras e fontes!

O sol alto a dardejar
Abrasou o prado e a selva!

E o cordeirito a balar

Sem ter um palmo de relva!

Não se ouvem cantar as noras…
Nem, no alfobre, umas verduras!…

Vêm repontando as auroras,

E cada em vêm mais puras!
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Bulhão Pato