VALE DE SANTARÉM

Almeida Garret
O Vale de Santarém é um destes lugares privilegiados pela natureza,
sítios amenos e deleitosos em que as plantas, o ar, a situação,
tudo está numa harmonia perfeita: não há ali nada grandioso nem
sublime, mas há uma como simetria de cores, de sons,
de disposição em tudo quanto se vê e se sente, que não parece senão
que a paz, a saúde, o sossego do espírito e o repouso do coração
devem viver ali. As paixões más, os pensamentos mesquinhos,
os pesares e as vilezas da vida não podem senão fugir para longe.
Imagina-se por aqui o Éden que o primeiro homem habitou com a sua
inocência e com a virgindade do seu coração.
À esquerda do vale, e abrigado do norte pela montanha que ali se corta
quase a pique, está um maciço de verdura do mais belo viço e variedade.
A faia, o freixo, o àlamo entrelaçam os ramos amigos;
a madressilva, a musqueta penduram de um a outro suas grinaldas
e festões; a congosa, os fetos, a malva-rosa do valado
vestem alcatifam o chão. (...)
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O Vale de Santarém é um destes lugares privilegiados pela natureza,
sítios amenos e deleitosos em que as plantas, o ar, a situação,
tudo está numa harmonia perfeita: não há ali nada grandioso nem
sublime, mas há uma como simetria de cores, de sons,
de disposição em tudo quanto se vê e se sente, que não parece senão
que a paz, a saúde, o sossego do espírito e o repouso do coração
devem viver ali. As paixões más, os pensamentos mesquinhos,
os pesares e as vilezas da vida não podem senão fugir para longe.
Imagina-se por aqui o Éden que o primeiro homem habitou com a sua
inocência e com a virgindade do seu coração.
À esquerda do vale, e abrigado do norte pela montanha que ali se corta
quase a pique, está um maciço de verdura do mais belo viço e variedade.
A faia, o freixo, o àlamo entrelaçam os ramos amigos;
a madressilva, a musqueta penduram de um a outro suas grinaldas
e festões; a congosa, os fetos, a malva-rosa do valado
vestem alcatifam o chão. (...)
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