: o órgão do mar
por vezes quando caminho sobre as pedras da beira rio que se rasgam sob os passos interrogo a tarde e os fantasmas que se escapam destas fendas. ao som de uma melodia evanescente abro as portas da alma e, de par em par, todos os portões do corpo. sem amarras, à beira de Ser acalmo então a passada leio teresa o poema da recusa e pressinto que se não as polpas então os verbos crus nus como os meus pés descalços, sempre descalços, sabem de ti da erva da cidade do mar que é nosso que unindo afasta as marés e as margens, da falésia de todas as coisas visíveis de todas as se opõem simétricas e complementares das que falam das que calam das que gemem de prazer das que gritam gaivotas soltas no silêncio de mulher, é então que, em emudecimento contemplativo, oiço a lição de nietzsche e, experimentada, solto o elástico que me prende no vazio em queda livre, convicta deixo-me pender, árvore de braços abertos sobre o mar … Teresa Horta Poema inédito |