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sábado, 7 de fevereiro de 2009

Joaquim Pessoa






ALCÁCER QUE VIER


Em Alcácer eram verdes
as aves do pensamento.
Eram tão leves tão leves
como as lanternas do vento.

Em Alcácer eram verdes
os cavalos encarnados.
Eram tão fortes tão negros
como os punhos decepados.

Em Alcácer eram verdes
as armas que eu inventei.
Eram tão leves tão leves
tão leves que nem eu sei.

Em Alcácer eram verdes
os homens que não voltaram.
Eram tão verdes tão verdes
como os campos que deixaram.

Em Alcácer eram verdes
as maças feitas de lume.
Eram tão frias tão frias
como as dobras do ciúme.

Em Alcácer eram verdes
estas palavras que agora
são tão caladas tão cernes
tão feitas desta demora.

Em Alcácer eram verdes
as flôres da sepultura.
Eram tão verdes tão verdes
tão verdes como a loucura.

Em Alcácer era verde
meu amor o teu olhar.
Era tão verde tão verde
quase à beira de cegar.

Em Álcacer eram verdes
os lençóis onde morri.
Eram tão frios tão verdes
como os campos que eu não vi.

Em Alcácer eram verdes
as feridas do meu país.
Eram tão fundas tão verdes
como este mal de raiz.



quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Pensamentos















*Se você sabe que um dia vai achar graça do momento presente, você deve começar a rir desde agora.

*Veja os problemas como pequenos milagres que podem trazer-lhe sabedoria e mudança.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Joaquim Pessoa




AMOR COMBATE



(Cobardia)


Leonor


Não há cravos nem peixes. Não há erva
que alimente os cavalos da poesia.
Não há cornos que marrem esta merda
nem palavras que se enforquem de alegria.


Leonor vai descalça. E mutilada.
Nem formosa nem segura. Minha dor!
Não há cravos nem peixes. Não há nada.
As palavras morrem todas meu amor.


Não há cravos nem peixes. Não há erva
que alimente os cavalos da poesia.
Não há cornos que marrem esta merda
nem palavras que se enforquem de alegria.


Leonor: antes ser morta que ser serva!
Mil vezes mais a dor que a cobardia!

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Provérbios











* A Galinha de Janeiro vai pôr com sua mãe ao coluleiro.


*Cava fundo em Novembro, para plantar em Janeiro.


* A lebre em Janeiro está na baixa ou no lameiro.


* A pescada de Janeiro vale carneiro.


* A quem não traz calças em Janeiro não emprestes o teu dinheiro.


* A quem mente, cai-lhe um dente.