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sábado, 16 de outubro de 2010

Poetas da Nossa Terra

Almeida Garrett


Almeida Garret

Este Inferno de Amar


Este inferno de amar - como eu amo!

Quem mo pôs aqui n'alma... quem foi?
Esta chama que alenta e consome,
Que é a vida - e que a vida destrói -
Como é que se veio a atear,
Quando - ai quando se há-de ela apagar?

Eu não sei, não me lembro: o passado,
A outra vida que dantes vivi
Era um sonho talvez... - foi um sonho -
Em que paz tão serena a dormi!
Oh! que doce era aquele sonhar...
Quem me veio, ai de mim! despertar?

Só me lembra que um dia formoso
Eu passei... dava o sol tanta luz!
E os meus olhos, que vagos giravam,
Em seus olhos ardentes os pus.
Que fez ela? eu que fiz? - não no sei;
Mas nessa hora a viver comecei...

Almeida Garret

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

domingo, 10 de outubro de 2010

Poetas da Nossa Terra




DELÍRIO


Não posso crer na morte do menino.
E julgo ouvi-lo e vê-to a cada passo.
É ele? Não. Sou eu que desatino,
É a minha dor sofrida, o meu cansaço.


Delírio que me prendes num abraço,
Emendarás a obra do Destino?
Vê-lo-ei sorrir, de novo, no regaço
Da mãe? Verei seu rosto pequenino?


Mistério! Sombra imensa! Alto segredo!
Jamais! Jamais! Quem sabe? Tenho medo!
Que sinto em mim? A treva? A luz futura?



Ah, que a dor infinita de o perder
Seja a alegria de o tornar a ver,
Meu Deus, embora noutra criatura!

Teixeira de Pascoaes

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