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quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Poetas da Nossa Terra






Dorme, meu amor, que o mundo já viu morrer mais este dia e eu estou aqui, de guarda aos pesadelos. Fecha os olhos agora e sossega — o pior já passou há muito tempo; e o vento amaciou; e a minha mão desvia os passos do medo. Dorme, meu amor —

 a morte está deitada sob o lençol da terra onde nasceste e pode
levantar-se como um pássaro assim que adormeceres. Mas nada temas: as suas asas de sombra não hão-de derrubar-me — eu já morri muitas vezes e é ainda da vida que tenho mais medo. Fecha os olhos

 agora e sossega — a porta está trancada; e os fantasmas da casa que o jardim devorou andam perdidos nas brumas que lancei ao caminho. Por isso, dorme,

 meu amor, larga a tristeza à porta do meu corpo e nada temas: eu já ouvi o silêncio, já vi a escuridão, já olhei a morte debruçada nos espelhos e estou aqui, de guarda aos pesadelos — a noite é um poema que conheço de cor e vou cantar-to até adormeceres.

M.Ros.Amaral 
************************* Pedreira

domingo, 14 de outubro de 2012

Poetas da Nossa Terra



MULHER-MAIO


Bom dia, minha amiga, digo em Maio
és uma rosa à beira de um tractor
neste campo de Abril onde não caio
a nossa sementeira já deu flor.

Bom dia minha amiga, eu sou um gaio
um pássaro liberto pela dor
tu és a companheira donde saio
mais limpo de mim próprio mais amor.

Bom dia meu amor estamos primeiro
neste tempo de Maio a tempo inteiro,
contra o tempo do ódio e do terror.

Se tu és camponesa eu sou mineiro.

Se carregas no ventre um pioneiro
Dentro de ti eu fui trabalhador.

José Carlos Ary dos Santo