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terça-feira, 17 de abril de 2012

Poetas da Nossa Terra



 estou escondido na cor amarga do fim da tarde

 sou castanho e verde no
campo onde um pássaro
caiu. sinto a terra e orgulho
por ter enlouquecido. produzo o corpo
por dentro e sou igual ao que
vejo. suspiro e levanto vento nas
folhas e frio e eco. peço às nuvens
para crescer. passe o sol por cima
dos meus olhos no momento em que o
outono segue à roda do meu tronco e, assim
que me sinta queimado, leve-me o
sol as cores e reste apenas o odor
intenso e o suave jeito dos ninhos ao
relento



valter hugo mãe

Poetas da Nossa Terra




ANIVERSÁRIO
Sentei-me com um copo em restos de
champanhe a olhar o nada.
Entre crianças e adultos sérios
tive trinta em casa.
 
Será comovedor os quatro anos
e a festa colorida,
as velas mal sopradas entre um rissol
no chão e os parabéns:
quatro anos de vida.
 
Serão comovedores os sumos de
laranja concentrados (proporções
por defeito) e os gostos tão
diversos, o bolo de ananás,
os pés inchados.
 
Será soberbamente comovente
toda a gente cantando,
o mau comportamento dos adultos
conversas-gelatinas e os anos
só pretexto.
ANA LUÍSA AMARAL , Minha Senhora de Quê,