Lenda da Moura da Ponte de Chaves
Reza a lenda de Chaves que no século XII, uma jovem moura ficara noiva do
primo, Abed, filho de um guerreiro mouro que virara alcaide. A jovem, apesar de
ter aceitado o noivado, não amava o futuro marido. Anos mais tarde, os cristãos
voltaram para reconquistar Chaves, e a jovem moura foi tomada refém por um
guerreiro cristão. A moura e o cristão apaixonaram-se e viviam felizes,
enquanto o seu prometido e o seu tio fugiram de Chaves. Os cristãos ganharam a
guerra e restabeleceu-se a paz.
Abed, que sabia do caso, nunca perdoou, e voltou à cidade vestido de mendigo,
para se vingar. Esperou-a na ponte e, quando a viu, pediu-lhe esmola. A moura,
que lhe estendeu a mão, cruzou olhares com ele e o mouro rejeitado rogou-lhe a
praga: “Para sempre ficarás encantada sob o terceiro arco desta ponte. Só o
amor de um cavaleiro cristão, não aquele que te levou, poderá salvar-te.” A
moura desapareceu como por magia, e só umas poucas damas cristãs foram
testemunhas.
O amado procurou a sua moura por toda a parte e nunca a encontrou, acabando por
morrer de tristeza e saudade. E a moura encantada da ponte nunca mais foi
vista. Anos mais tarde, diz o povo que, numa noite de S. João, passava um
cavaleiro cristão pela ponte quando ouviu murmúrios e socorros. Então, uma voz
de mulher lhe pediu para descer ao terceiro arco da ponte e dar-lhe um beijo. O
jovem cristão, com medo, fugiu. Assim, ficou a moura da ponte de Chaves
encantada para sempre. Agora, nas noites de S. João, é possível ouvir os lamentos
da moura encantada, que está eternamente castigada por se ter apaixonado.
Fonte: A Bruxa vol.1 por J.E. Baker 1892.