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sábado, 28 de agosto de 2010

Poetas da Nossa Terra


Sem Remédio

Aqueles que me tem muito amor
Não sabem o que sinto e o que sou...
Não sabem que passou, um dia, a Dor,
À minha porta e, nesse dia, entrou.

E e desde então que eu sinto este pavor,
Este frio que anda em mim, e que gelou
O que de bom me deu Nosso Senhor!
Se eu nem sei por onde ando e onde vou!!

Sinto os passos da Dor, essa cadência
Que é já tortura infinda, que é demência!
Que é já vontade doida de gritar!

E é sempre a mesma mágoa, o mesmo tédio
A mesma angústia funda, sem remédio,
Andando atrás de mim, sem me largar!...

Florbela Espanca


quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Poetas da Nossa Terra


Poemas

Na grande confusão

deste medo
deste não querer saber
na falta de coragem
ou na coragem de
me perder
me afundar
perto de ti
tão longe
tão nu
tão evidente
tão pobre como tu
oh diz-me quem sou eu
quem és tu?



A.Ramos Rosa

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Poetas da Nossa Terra


Quando estou só reconheço

Quando estou só reconheço
Se por momentos me esqueço
Que existo entre outros que são
Como eu sós, salvo que estão
Alheados desde o começo.

E se sinto quanto estou
Verdadeiramente só,
Sinto-me livre mas triste.
Vou livre para onde vou,
Mas onde vou nada existe.

Creio contudo que a vida
Devidamente entendida
É toda assim, toda assim.
Por isso passo por mim
Como por cousa esquecida.

Fernando Pessoa