As mulheres aspiram a casa para dentro dos pulmões |
As mulheres aspiram a casa para dentro dos pulmões E muitas transformam-se em árvores cheias de ninhos - digo, As mulheres - ainda que as casas apresentem os telhados inclinados Ao peso dos pássaros que se abrigam. É à janela dos filhos que as mulheres respiram Sentadas nos degraus olhando para eles e muitas Transformam-se em escadas Muitas mulheres transformam-se em paisagens Em árvores cheias de crianças trepando que se penduram Nos ramos - no pescoço das mães - ainda que as árvores irradiem Cheias de rebentos As mulheres aspiram para dentro E geram continuamente. Transformam-se em pomares. Elas arrumam a casa Elas põem a mesa Ao redor do coração. Daniel Faria de Homens Que São Como Lugares Mal Situados (1998) |
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quinta-feira, 22 de setembro de 2011
Poetas da Nossa Terra
segunda-feira, 19 de setembro de 2011
Poetas da Nossa Terra
As pessoas sensíveis |
As pessoas sensíveis não são capazes De matar galinhas Porém são capazes De comer galinhas O dinheiro cheira a pobre e cheira À roupa do seu corpo Aquela roupa Que depois da chuva secou sobre o corpo Porque não tinham outra O dinheiro cheira a pobre e cheira A roupa Que depois do suor não foi lavada Porque não tinham outra "Ganharás o pão com o suor do teu rosto" Assim nos foi imposto E não: "Com o suor dos outros ganharás o pão." Ó vendilhões do templo Ó constructores Das grandes estátuas balofas e pesadas Ó cheios de devoção e de proveito Perdoai-lhes Senhor Porque eles sabem o que fazem. Sophia de Mello Breyner Andresen (Livro sexto) |
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