A silabar que o poema é estulto
o amado abre os dentes e eu deslizo;
sismos,orgasmos tremem-lhe no olhar
enquanto eu, quase a rimar, exulto.
Conheço toda a terra só de amar:
sem nós e sem desvãos, um corpo liso.
Tenho o mênstruo escondido num reduto
onde teoricamente chega o mar.
Nos desertos-íntimos, insuspeitos-
já caem com a calma as avestruzes
-ou a distância, com os oásis, finda;
à medida que nos arcaicos leitos
se vão molhando vozes e alcatruzes
ao descerem ao fundo pego, e à vinda.
Luiza Neto Jorge
O Amor e o Ócio
Poesia |
4 comentários:
Grande poeta!Profundos versos que nos levam à reflexão.
Beijinhos
Não conhecia......!!!!!!
Há imensos poetas e poetisas que me eram desconhecidos, mas graças a este blog posso dizer que estou mais "rica".....
Obrigada Andrade.............
Zé meu querido, boa noite!
Gostei do pema e não conhecia Luiza Neto Jorge, gostei.
Beijo,
Mara
Conheci bem esta poetisa, grande amiga de Zeca Afonso. Encontrei-os, um dia,já lá vão muitos anos na Fuseta.Partiu prematuramente mas deixou uma obra poética muito interessante.
Uma referência a algo que me deixa grandes saudades, o trabalho das noras e dos seus alcatruzes, ao entardecer, na necessária tarefa da rega agrícola. Tempos em que ainda tínhamos os campos cultivados. Agora é só ervas daninhas e pouco mais.
Bem-hajas!
Beijinho
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