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terça-feira, 11 de outubro de 2011

Poetas da Nossa Terra




SO-NETO JORGE, Luiza

A silabar que o poema é estulto 
o amado abre os dentes e eu deslizo; 
sismos,orgasmos tremem-lhe no olhar 
enquanto eu, quase a rimar, exulto. 

Conheço toda a terra só de amar: 
sem nós e sem desvãos, um corpo liso. 
Tenho o mênstruo escondido num reduto 
onde teoricamente chega o mar. 

Nos desertos-íntimos, insuspeitos- 
já caem com a calma as avestruzes 
-ou a distância, com os oásis, finda; 

à medida que nos arcaicos leitos 
se vão molhando vozes e alcatruzes 
ao descerem ao fundo pego, e à vinda. 



Luiza Neto Jorge
O Amor e o Ócio 
Poesia
 

4 comentários:

piedadevieira disse...

Grande poeta!Profundos versos que nos levam à reflexão.
Beijinhos

Albertina Granja disse...

Não conhecia......!!!!!!
Há imensos poetas e poetisas que me eram desconhecidos, mas graças a este blog posso dizer que estou mais "rica".....
Obrigada Andrade.............

Mara Santos disse...

Zé meu querido, boa noite!
Gostei do pema e não conhecia Luiza Neto Jorge, gostei.
Beijo,
Mara

Isamar disse...

Conheci bem esta poetisa, grande amiga de Zeca Afonso. Encontrei-os, um dia,já lá vão muitos anos na Fuseta.Partiu prematuramente mas deixou uma obra poética muito interessante.
Uma referência a algo que me deixa grandes saudades, o trabalho das noras e dos seus alcatruzes, ao entardecer, na necessária tarefa da rega agrícola. Tempos em que ainda tínhamos os campos cultivados. Agora é só ervas daninhas e pouco mais.

Bem-hajas!

Beijinho