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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Poetas da Nossa Terra




Deve ser o último tempo


A chuva definitiva sobre o último animal nos pastos
O cadáver onde a aranha decide o círculo.
Deve ser o último degrau na escada de Jacob
E último sonho nele
Deve ser-lhe a última dor no quadril.
Deve ser o mendigo à minha porta
E a casa posta à venda.
Devo ser o chão que me recebe
E a árvore que me planta.
Em silêncio e devagar no escuro
Deve ser a véspera.Devo ser o sal
Voltado para trás.
Ou a pergunta na hora de partir.



Daniel Faria
de Explicação das Árvores e de Outros Animais
1998
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3 comentários:

Albertina Granja disse...

Este "ÚLTIMO TEMPO" do Daniel Faria, apesar de enigmático, é bastante profundo.....!!!
Bom fim de semana Andrade....

Anónimo disse...

Profundamente triste...
BFS.
Beijo.
isa.

PS:- Vou levar o selo.Obrigada.

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Meu querido amigo

Um poeta que muito admiro, uma poesia triste mas profunda.
Mais uma bela escolha

Um beijinho com carinho
Sonhadora