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domingo, 8 de maio de 2011

Poetas da Nossa Terra




Esta manhã encontrei o teu nome


Esta manhã encontrei o teu nome nos meus sonhos
e o teu perfume a transpirar na minha pele. E o corpo
doeu-me onde antes os teus dedos foram aves
de verão e a tua boca deixou um rasto de canções.

No abrigo da noite, soubeste ser o vento na minha
camisola; e eu despi-a para ti, a dar-te um coração
que era o resto da vida - como um peixe respira
na rede mais exausta. Nem mesmo à despedida

foram os gestos contundentes: tudo o que vem de ti
é um poema. Contudo, ao acordar, a solidão sulcara
um vale nos cobertores e o meu corpo era de novo
um trilho abandonado na paisagem. Sentei-me na cama

e repeti devagar o teu nome, o nome dos meus sonhos,
mas as sílabas caíam no fim das palavras, a dor esgota
as forças, são frios os batentes nas portas da manhã.

Maria Rosário Pedreira 

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5 comentários:

Anónimo disse...

Poema misto de saudade e desencanto.
Será?
Mas muito belo.
Beijo.
isa.

julia rubiera disse...

bellisimas letras nos regalas emocionando nuestros sentimientos con ellas, esta asturiana te da infinitas gracias por hacernos participes de ellas y te manda un besin muy muy grande.

Mara Santos disse...

Boa noite, meu querido!
...
e repeti devagar o teu nome, o nome dos meus sonhos,
.....
Que poema belíssimo, adorei.....
Ah, antes que eu esqueça:
Esta manhã encontrei o teu nome nos meus sonhos.....(ele vive lá)
Beijos,
Mara

Isamar disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Isamar disse...

Maria do Rosário Pedreira, professora da Faculdade de Letras de Lisboa, é uma das poetisas vivas da actualidade que mais admiro. Verto lágrimas quando a leio e releio, releio, releio...
Óptima escolha ,amigo!
Creio que a sua vida afectiva, ou parte dela, está exposta nos seus poemas. Sofrimento, nostalgia, paixão, desencanto, saudade... uma mistura intensa de emoções como deve ser a sua vida.
Bem-hajas!

Beijinho