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terça-feira, 14 de setembro de 2010

Poetas da Nossa Terra



Para José Afonso

O canto que se erguia
na tua voz de vento
era de sangue e oiro
e um astro insubmisso
que era menino e homem
fulgurava nas águas
entre fogos silvestres.
Cantavas para todos
os acordes da terra,
os obscuros gritos
e os delírios e as fúrias
de uma revolta justa
contra eternos vampiros.
Que imensa a aventura da luz
por entre as sombras!

A vida convertia-se
num rio incandescente
e num prodígio branco
o canto sobre os barcos!
E o desejo tão fundo
centrava-se num ponto
em que atingia o uno
e a claridade intacta.
O canto era carícia
para uma ferida extrema
que era de todos nós
na angústia insustentável.
Mas ressurgia dela
a mais fina energia
ressuscitando o ser
em plenitude de água
e de um fogo amoroso.
É já manhã cantor
e o teu canto não cessa
onde não há a morte
e o coração começa.


- António Ramos Rosa -

6 comentários:

Anónimo disse...

Uma voz diferente,única,a do Zeca Afonso.
As suas letras traduziam o sentir de
um povo.
Beijo.
isa.

Mara disse...

Olá querido....gostei muito.
Deixo esses versos que também aprecio.

Dou-te um nome de água
para que cresças no silêncio.

Invento a alegria
da terra que habito
porque nela moro.
(...)
António Ramos Rosa
Boa tarde...com carinho.
Bjs
Mara

Alfredo Rangel disse...

Honrado com tua visita ao meu almatua e com o comentário que lá deixaste, visito este teu palavras pensadas para descobrir um blog muitíssimo interessante, que nos oferece obras de poetas portugueses. Excelente blog. Obrigado e um abraço brasileiro.

José Ramón disse...

Que maravilha de petróleo e de poesia.
Obrigado pelo seu comentário espécie tem um bom fim de semana

Saudações de
Criatividade e imaginação fotos de José Ramón

Vivian disse...

...aqui tem cheirinho de poesia,
e das boas.

o que seria do mundo sem os
poetas?

bjbj

poetaeusou . . . disse...

*
a morte saiu á rua,
num dia assim !
,
abraço,
,
*