PELO INVERSO
Começar pelo fim,
arremeter pelo inverso,
iniciar de noite o dia,
penetrar-te o corpo pelo seu avesso,
desdobrar-te a pele,
correr os dedos por ti
em segundos de inanição
parda
a fazer de conta que não sinto,
não estou cá,
não sou eu,
este é apenas o inverso de mim,
a minha sombra
colorida apenas
da fraca luz que acho
no teu regaço.
É neste rigor
de espelhos
que me revejo.
Um inverso de alma,
uma espécie
de mim
ao contrário.
In “Geografias Dispersas”
Editora Edita-Me
Alexandra Malheiro