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quarta-feira, 17 de julho de 2013

Poetas da Nossa Terra




Colhe o Dia, porque És Ele


 Uns, com os olhos postos no passado,
Vêem o que não vêem: outros, fitos
Os mesmos olhos no futuro, vêem
O que não pode ver-se.

Por que tão longe ir pôr o que está perto —
A segurança nossa? Este é o dia,
Esta é a hora, este o momento, isto
É quem somos, e é tudo.

Perene flui a interminável hora
Que nos confessa nulos. No mesmo hausto
Em que vivemos, morreremos. Colhe
O dia, porque és ele.

Ricardo Reis, in "Odes"
Heterónimo de Fernando Pessoa



 

2 comentários:

Castanheira disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Albertina Granja disse...

De facto, não há passado..., não há fututo...., há apenas o presente...., "o dia" e deveríamos vivê-lo da melhor maneira...
Mas não é isso que acontece...
Estamos sempre a olhar para o que passou (que não existe) e para o que há-de vir (que não sabemos se virá)e esquecemo-nos de viver intensamente o que efectivamente existe...
Albertina