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domingo, 14 de abril de 2013

Poetas da Nossa Terra











das paixões só conheci as mais pequenas
aquelas que nasciam na palma das mãos e desapareciam

com a água do mar. mas não eram paixões por barcos

ou pássaros ou cabelos teus: só uma fenda no céu

verde e azul e uma casa desabitada


das paixões só conheci as mais pequenas

como se no minuto imediato eu tivesse de esperar a morte

ou as aves no seu regresso do norte

de resto, implorei aos deuses uma morada branca

onde nenhum peixe chegasse antes do alvorecer

onde nenhum nome coubesse, onde nenhum olhar entrasse

implorei aos deuses o seu encantamento

não o seu dó. foi então que, das paixões, das mais pequenas

surgiram os teus olhos tão verdes e tão brancos

que só eu neles poderia poisar como um pescador

sem mar onde navegar ou lavar o rosto.


Francisco José Viegas,"As Imagens"

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2 comentários:

Anónimo disse...

Bom dia.
Gostei muito do poema,que não conhecia.Admiro a sensibilidade deste
poeta.
Beijo.
isa.

Albertina Granja disse...

Olá Andrade....
Que belo poema....!!!!
Não conhecia esta maravilha sobre as variantes da paixão....
Andrade aproveito para perguntar se se passa algo com o Andradarte, porque não consigo entrar para comentar...!!!! Já tentei várias vezes e nada....!!,
Tenha um bom domingo....