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sábado, 10 de novembro de 2012

Poetas da Nossa Terra



Que mistério, a começar pelo título, envolveria esse soneto? O tempo ou algum incidente teria inutilizado parte do poema? A própria Florbela Espanca o teria deixado assim, “inacabado”? Seus editores ou os pósteros, extraindo parte do primeiro verso conhecido do soneto inconcluso, teriam batizado o soneto de “Eu não sou de ninguém...” ou tal título teria sido dado pela própria poetisa?! Impossível se me afigura saber o que teria, de fato, acontecido. Ei-lo em sua versão original, conforme o conhecemos:

“Eu não sou de ninguém...

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Eu não sou de ninguém!... Quem me quiser
Há de ser luz do sol em tardes quentes;

Nos olhos de água clara há de trazer

As fúlgidas pupilas dos videntes!

Há de ser seiva no botão repleto,
Voz no murmúrio do pequeno inseto,

Vento que enfuna as velas sobre os mastros!...

Há de ser Outro e Outro num momento!
Força viva, brutal, em movimento,

Astro arrastando catadupas de astros!”

Florbela Espanca 

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quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Poetas da Nossa Terra








Mais do que um sonho: comoção!
Sinto-me tonto, enternecido,
quando, de noite, as minhas mãos
são o teu único vestido.

E recompões com essa veste,
que eu, sem saber, tinha tecido,
todo o pudor que desfizeste
como uma teia sem sentido;
todo o pudor que desfizeste
a meu pedido.

Mas nesse manto que desfias,
e que depois voltas a pôr,
eu reconheço os melhores dias
do nosso amor.