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sábado, 5 de maio de 2012

Poetas da Nossa Terra



A magnólia

A exaltação do mínimo, 
e o magnífico relâmpago 
do acontecimento mestre 
restituem-me a forma 
o meu resplendor. 
.
Um diminuto berço me recolhe 
onde a palavra se elide 
na matéria - na metáfora - 
necessária,e leve, a cada um 
onde se ecoa e resvala. 

A magnólia, 
o som que se desenvolve nela 
quando pronunciada, 
é um exaltado aroma 
perdido na tempestade, 

um mínimo ente magnífico 
desfolhando relâmpagos 
sobre mim  



Luiza Neto Jorge
O seu a seu tempo

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Poetas da Nossa Terra




DORME MEU AMOR

Dorme, meu amor, que o mundo já viu morrer mais
este dia e eu estou aqui, de guarda aos pesadelos.
Fecha os olhos agora e sossega o pior já passou
há muito tempo; e o vento amaciou; e a minha mão
desvia os passos do medo. Dorme, meu amor -

a morte está deitada sob o lençol da terra onde nasceste
e pode levantar-se como um pássaro assim que
adormeceres. Mas nada temas: as suas asas de sombra
não hão-de derrubar-me eu já morri muitas vezes
e é ainda da vida que tenho mais medo. Fecha os olhos

agora e sossega a porta está trancada; e os fantasmas
da casa que o jardim devorou andam perdidos
nas brumas que lancei ao caminho. Por isso, dorme,

meu amor, larga a tristeza à porta do meu corpo e
nada temas: eu já ouvi o silêncio, já vi a escuridão, já
olhei a morte debruçada nos espelhos e estou aqui,
de guarda aos pesadelos a noite é um poema
que conheço de cor e vou cantar-to até adormeceres.

M.R.Pedreira