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quinta-feira, 5 de abril de 2012

Poetas da Nossa Terra


Uma Boa e Santa Páscoa para todos




Deve ser o último tempo


Deve ser o último tempo
A chuva definitiva sobre o último animal nos pastos
O cadáver onde a aranha decide o círculo.
Deve ser o último degrau na escada de Jacob
E último sonho nele
Deve ser-lhe a última dor no quadril.
Deve ser o mendigo à minha porta
E a casa posta à venda.
Devo ser o chão que me recebe
E a árvore que me planta.
Em silêncio e devagar no escuro
Deve ser a véspera.Devo ser o sal
Voltado para trás.
Ou a pergunta na hora de partir.



Daniel Faria
de Explicação das Árvores e de Outros Animais
1998

domingo, 1 de abril de 2012

Poetas da Nossa Terra


Como na o amor desaparece


Como na o amor desaparece
carne mansa do mar na doce arena
a boca que retinha
da coragem alegre o tempo firme
e mais na seca areia que
o amor fundamente perdida
e mais no mar amargo que
os ardores separados e vivos do amor
decomposta mais nesta praia viva me comove
a doçura do sol as secas águas
que a própria do amor escassa boca
da morte requerida porque mais
que a boca do amor morre no mar
a vida reprimida

in «Poemas Reunidos», Escassez,