COM OS MORTOS
Os que amei, onde estão?
Idos, dispersos,
Idos, dispersos,
arrastados no giro dos tufões,
Levados, como em sonho, entre visões,
Na fuga, no ruir dos universos...
.
.
E eu mesmo, com os pés também imersos
Na corrente e à mercê dos turbilhões,
Só vejo espuma lívida, em cachões,
E entre ela, aqui e ali, vultos submersos...
.
.
Mas se paro um momento, se consigo
Fechar os olhos, sinto-os a meu lado
De novo, esses que amei vivem comigo,
.
.
Vejo-os, ouço-os e ouvem-me também,
Juntos no antigo amor, no amor sagrado,
Na comunhão ideal do eterno Bem.
.Antero de Quental, in "Sonetos"
5 comentários:
É um belíssimo poema de Antero de Quental.
Bom fim de semana Andrade
Olá, Andradarte
Poema expressivo de Antero de Quental, também um pouco amargo mas que aos poucos se vai redimindo num reencontro com aqueles que ama.
Abraço
Olinda
E os que amei e partiram tb continuam bem vivos a meu lado.
Antero sempre me tocou o coração.
E continuo a tê-lo "vivo" na minha
admiração.
Beijo.
isa.
Meu amigo aqueles que amamos, permanecem eternamente no nosso coração, apesar de terem partido fisicamente. Excelente escolha.
Bom restinho de sabado e um excelente domingo.
Beijinhos
Maria
Parabéns pela bela poesia.
bjs
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