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sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Poetas da Nossa Terra



REFLEXO

Olho-te pelo reflexo
Do vidro
E o coração da noite

E o meu desejo de ti
São lágrimas por dentro,
Tão doídas e fundas
Que se não fosse:

  o tempo de viver;
  e a gente em social desencontrado;
  e se tivesse a força;
e a janela ao meu lado
  fosse alta e oportuna,

invadia de amor o teu reflexo
e em estilhaços de vidro
mergulhava em ti.


Ana Luísa Amaral
In Anos 90 e Agora

domingo, 27 de novembro de 2011

Poetas da Nossa Terra



 
No teu peito 
é que o pólen do fogo 
se junta à nascente, 
alastra na sombra. 
Nos teus flancos
é que a fonte começa
a ser rio de abelhas,
rumor de tigre. 
Da cintura aos joelhos
é que a areia queima,
o sol é secreto,
cego o silêncio. 
Deita-te comigo.
Ilumina meus vidros.
Entre lábios e lábios
toda a música é minha

Eugenio de Andrade