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sexta-feira, 25 de março de 2011

Poetas da Nossa Terra


Eu queria mais altas as estrelas,





Eu queria mais altas as estrelas,
Mais largo o espaço, o Sol mais criador,
Mais refulgente a Lua, o mar maior,
Mais cavadas as ondas e mais belas;

Mais amplas, mais rasgadas as janelas
Das almas, mais rosais a abrir em flor,
Mais montanhas, mais asas de condor,
Mais sangue sobre a cruz das caravelas!

E abrir os braços e viver a vida:
- Quanto mais funda e lúgubre a descida,
Mais alta é a ladeira que não cansa!

E, acabada a tarefa... em paz, contente,
Um dia adormecer, serenamente,
Como dorme no berço uma criança!






Florbela Espanca





quarta-feira, 23 de março de 2011

Poetas da Nossa Terra



Na margem de um rio
 
    
   São assim os amigos, frágeis, como dunas.
   Altas labaredas os consomem
   e dizem nomes, recados de amor.
    
   Nada os habita quando damos as mãos,
   os rostos recortados no frio azul
   para reparar o que nos une e o que nos afasta.
    
   São assim os amigos, vêm
   com uma ferida móvel entre os dedos
   junto de mim. Perdidos eu os encontro,
   aos amigos,ao que por ser frágil perdura
   como uma claridade um nome branco.
   
Francisco José Viegas, in
"Metade da VI da", Ed. Quasi, Lisboa, 2002.
    

domingo, 20 de março de 2011

Poetas da Nossa Terra



Quadras
Sem que o discurso eu pedisse,
Ele falou; e eu escutei.
Gostei do que ele não disse;
Do que disse não gostei.


Tu, que tanto prometeste
Enquanto nada podias,
Hoje que podes – esqueceste
Tudo quanto prometias…


Chegasses onde pudesses;
Mas nunca devias rir
Nem fingir que não conheces
Quem te ajudou a subir!


Os que bons conselhos dão
Às vezes fazem-me rir,
- Por ver que eles próprios são
Incapazes de os seguir.


Mesmo que te julguem mouco
Esses que são teus iguais,
Ouve muito e fala pouco:
Nunca darás troco a mais!


Entra sempre com doçura
A mentira, pr’a agradar;
A verdade entra mais dura,
Porque não quer enganar.


Se te censuram, estás bem,
P’ra que a sorte te perdure;
Mal de ti quando ninguém
Te inveje nem te censure!

Ant.Aleixo

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Poetas da Nossa Terra

        

  Moda
 Cante Alentejano de Serpa
Distante da terra amada
Meu Alentejo de esperança
Nunca esqueço a minha terra
Serpa da minha lembrança
Serpa da minha lembrança
E do amor que ela encerra
Meu Alentejo de esperança
Amante da minha terra


         Cantiga

Sou filho do Alentejo
Vivendo em terra distante
Não esqueço a minha terra
Nem as trovas do seu cante

Serpa do meu bem querer
De noites cheias de cor
De histórias e de lendas
Serpa tu és um amor

aqui repete-se a moda



Muralhas velhas de Serpa
São lindas como postais
Quando um dia regressar
Não te deixo nunca mais

Um dia quando eu voltar
Abre p'ra mim os teus braços
Deixa que em ti finalmente  
Repouse dos meus cansaços 


(Grupo Coral de Castro Verde, C/ Dulce Pontes)