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quarta-feira, 11 de maio de 2011

Poetas da Nossa Terra


                                                                   Carta ao Oceano

Ó Grande Alma trágica e sombria!
Quando hás-de enfim, na campa repousar?
Após a luta persistente e fria,
Ah, quanto é bom morrer... dormir... sonhar...


Estrebuchas nas ânsias da agonia,
Há mil e tantos séculos, ó Mar!
E nunca cessas de lutar, um dia,
E nunca morres, Alma singular!


Mas, ao chegar teu último momento,
Quando zurzir nos ares a metralha
Da tua alma desfraldada ao vento:


Envolto nessa líquida mortalha,
Tu cairás prostrado, sem alento,
Como um guerreiro ao fim d'uma batalha!
 
                                                                                             António Nobre

6 comentários:

Anónimo disse...

Um poema que ilustra o desalento do Portugal hoje.
Boa noite,meu amigo.
Beijo.
isa.

Albertina Granja disse...

Foi bom recordar ANTÓNIO NOBRE....
Há muito que não lia nada dele...
Gostei de recordar.
Parabéns Andrade.

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Meu amigo

Como sempre belos poemas...muita sensibilidade nas suas escolhas, adoro António Nobre.

Beijinho
Sonhadora

Isamar disse...

Mais um poeta que deixa transparecer nos seus poemas o seu, quase permanente, estado de alma e daí a coexistência entre o poeta e o sujeito poético.Desencantado com o mundo, com a vida, com as injustiças e desequilíbrios, o "Só" de António Nobre dá-nos a ideia do seu desalento.
Gosto muito da sua obra que, tal como Florbela Espanca, me deixa sempre muito comovida.

Bem-hajas!

Beijinhos

Acácia Azevedo Studio Pottery disse...

Adoro poesia, ganhaste mais uma fiel seguidora. Lindas postagens!

Mara Santos disse...

Boa noite, meu querido!
"Carta Ao Oceano"...não conhecia e gostei muito.
Tu sempre diversificando na escolha de poetas portugueses.
Parabéns!
Beijos carinhosos,
Mara