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sábado, 6 de março de 2010

Poetas da Nossa Terra


António Gedeão
Pedra Filososal

Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.



Gota de Água

Eu, quando choro,
não choro eu.
Chora aquilo que nos homens
em todo o tempo sofreu.
As lágrimas são as minhas
mas o choro não é meu.

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terça-feira, 2 de março de 2010

Viagens na Nossa Terra

A R I B E I R A




José de ALMADA NEGREIROS


O cenário onde isto se passou é dos mais pitorescos que os meus olhos viram:a Ribeira, ou a Ribeira Velha, creio eu que lhe chamam. É um cais sobre o Douro, perto da ponte de D. Luis. Todo o aspecto em redor é pesado e amontoado, conforme o carácter da cidade. Desde aquele cais a cidade sobe sempre em todas as direcções até à Torre dos Clérigos. Na outra margem a ascensão iguala-se à de cá, de modo que o rio parece ter metido pelo mais alto de um monte que ficou dividido. Tudo isto faz com que o cais nos dê a estúpida impressão de estar enterrado. Lembro-me de umas interessantíssimas casas cujos alicerces se adivinham por causa
da solidez com que as suas fachadas intimam os nossos olhos.
Julgo serem vermelhas ou foi a impressão violenta da cor
que me deixaram. Do que bem me lembro é dos arcos em vez de portas
e de umas janelas que pareciam desviadas dos seus
respectivos lugares.Os arcos abriam umas lojas não sei de quê,
pois fixei apenas os seus fundos negros,
os mais negros e os mais fundos que tenho conhecido (...)

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