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quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Poetas da Nossa Terra


NATAL

Um anjo imaginado,
Um anjo diabético, actual,
Ergueu a mão e disse: — É noite de Natal,
Paz à imaginação!
E todo o ritual
Que antecede o milagre habitual
Perdeu a exaltação.

Em vez de excelsos hinos de confiança
No mistério divino,
E de mirra, e de incenso e ouro
Derramados
No presépio vazio,
Duas perguntas brancas, regeladas
Como a neve que cai,
E breve como o vento
Que entra por uma fresta, quizilento,
Redemoinha e sai:

A volta da lareira
Quantas almas se aquecem
Fraternalmente?
Quantas desejam que o Menino venha
Ouvir humanamente
O lancinante crepitar da lenha?

Miguel Torga (Escritor e poeta português, 190995)7-1

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5 comentários:

Anónimo disse...

Bom Dia,para ti,Amigo.
A luta de Torga com os seus sentimentos religiosos!
Beijo.
isa.

Anónimo disse...

Votos de um bom Feriado.
Abraço.

Mara disse...

Querido!
Tu sempre surpreendendo com tuas
escolhas poéticas.
Gostei muito deste poema de Miguel Torga e chamo
atenção para estes versos:

A volta da lareira
Quantas almas se aquecem
Fraternalmente?
Quantas desejam que o Menino venha
Ouvir humanamente
O lancinante crepitar da lenha?

Lindo.

Beijos meus pra ti.
Com carinho,
Mara

ONG ALERTA disse...

Os clássicos...beijo Lisette.

poetaeusou . . . disse...

*
Natal é em Dezembro
Mas em Maio pode ser
Natal é em Setembro
É quando um homem quiser
Natal é quando nasce
uma vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto
que há no ventre da Mulher.
,
in-ary dos santos,
,
abraço
,
*