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terça-feira, 22 de junho de 2010

Poetas da Nossa Terra - Homenagem

José Saramago



Na ilha por vezes habitada


Na ilha por vezes habitada do que somos, há noites,
manhãs e madrugadas em que não precisamos de
morrer.
Então sabemos tudo do que foi e será.
O mundo aparece explicado definitivamente e entra
em nós uma grande serenidade, e dizem-se as
palavras que a significam.
Levantamos um punhado de terra e apertamo-la nas
mãos.
Com doçura.
Aí se contém toda a verdade suportável: o contorno, a
vontade e os limites.
Podemos então dizer que somos livres, com a paz e o
sorriso de quem se reconhece e viajou à roda do
mundo infatigável, porque mordeu a alma até aos
ossos dela.
Libertemos devagar a terra onde acontecem milagres
como a água, a pedra e a raiz.
Cada um de nós é por enquanto a vida.
Isso nos baste.


(in PROVAVELMENTE ALEGRIA, Editorial CAMINHO, Lisboa, 1985, 3ª Edição)

4 comentários:

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Meu querido amigo
Foi o homem...ficou a obra, que nunca morre.

Beijinhos
Sonhadora

Unknown disse...

Bom dia!

Nossa... eu gosto muito dos livros do Saramago.

Abraço

Mariza :-)

poetaeusou . . . disse...

*
que fique o escritor,
(se ... mais nada deixou)
,
Este mundo não presta, venha outro.
Já por tempo de mais aqui andamos
A fingir de razões suficientes.
Sejamos cães do cão: sabemos tudo
De morder os mais fracos, se mandamos,
E de lamber as mãos, se dependentes.
,
In-José Saramago,
,
Saudações
*

Sylvia Rosa disse...

Estava sentindo sua falta, e não sei pq , mas só consigo acessar seu blog através de onde comenta.
Quanto ao post: Sem palavras, jas um poeta imortalizado.
Bjs amigo