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segunda-feira, 3 de maio de 2010

Poetas da Nossa Terra




Já não Escreverei Romances


Já não escreverei romances
Nem contos da fada e o rei.
Vão-se-me todas as chances

De grande escritor. Parei.
Mas na chispa do verso,
Com Marga a aquecer-me,
Já não serei disperso
Nem poderei perder-me.
Tudo nela é verbo e vida;
Xale, cílio, tosse, joelho,
Tudo respinga e acalma.
Passo, óculos, nada é velho:
Quase corpo, menos que alma.
Já não lavrarei novelas,
Ultrapassado de ficto:
A vida dá-me janelas
A toda a extensão do dicto.
Mas sem elas, mas sem elas
(As suas mãos) fico aflito.

Vitorino Nemésio, in "Caderno de Caligraphia
e outros Poemas a Marga"

2 comentários:

Unknown disse...

Amigo..
Uma Casa na montanha um lugar
Com flores na janela..
e seriamos completos!!
bjs

Anónimo disse...

"Mas sem elas, mas sem elas
(As suas mãos) fico aflito."

Destaco este últimos versos que resumem tudo...Que lindo!

Obrigada por compartir!

Um beijo!