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sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Joaquim Pessoa


Poema


De esperas construímos o amor intenso e súbito

que encheu as tuas mãos de sol e a tua boca de beijos.

Em estranhos desencontros nos amamos.

Havia o rio mas sempre ficávamos na margem.

Eu tocava o teu peito e os teus olhos e, nas minhas mãos,

a tarde projectava as suas grandes sombras

enquanto as gaivotas disputavam sobre a água

talvez um peixe inquieto, algo que nunca pudemos ver.

As nossas bocas procuravam-se sempre, ávidas e macias

E por muito tempo permaneciam assim, unidas,

Machucando-se, torturando as nossas línguas quase enlouquecidas.

Depois olhava-mo-nos nos olhos

No mais profundo silêncio. E, sem palavras,

Partíamos com as mãos docemente amarradas e os corações estoirando uma alegria breve

Quando a noite descia apaixonada

Como o longo beijo da nossas despedida.


Joaquim Pessoa

3 comentários:

Anónimo disse...

Bom dia!
Lindíssimo poema de Joaquim Pessoa.
Todo ele transpirando Amor/Saudade.
Beijo.
isa.

Memória de Elefante disse...

Agradeço os cumprimentos!
O Rio de Janeiro ,a nossa cidade maravilhosa,merecidamente !!!
Quanto ao poema,o sabor de despedida sempre gera uma tristeza.
Muito bonito!

Grande abraço !

mariabesuga disse...

De esperas se constrói a vida até que num beijo de despedida diz a amargura que precisamos de reencontros...

Joaquim Pessoa... gosto muito... sempre!...

Beijinho